terça-feira, 10 de agosto de 2010

Discussão sobre o filme "Brazil"

A apresentação do filme “Brazil” nos levou a refletir uma série de questões relacionadas à sociedade e a informação.

Em um primeiro momento o filme nos mostra uma sociedade baseada no que seria o extremo da burocracia. Vale ressaltar que, a burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, impessoalidade e na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, e para que esses sejam alcançados com a máxima eficiência possível.
Estamos tão acostumados a associar a burocracia com algo ruim que muitas vezes não nos damos conta de que é necessária. Seriam impraticáveis as rotinas e procedimentos que atendessem as demandas e necessidades da sociedade moderna, baseados tão somente na Teoria Clássica da Administração.

O que é mostrado no filme é justamente esse aspecto negativo e distorcido da burocracia, ou seja, a disfunção burocrática, enfatizando o: apego demasiado as normas, excesso de formalismo e papelada, resistência a mudanças, impessoalidade nos relacionamentos, superconformidade às rotinas e procedimentos, exibição de sinais de autoridade e corrupção, dificuldades em atender aos cidadãos e conflitos com o usuário da informação, em suma, tudo aquilo que é indesejável para a burocracia.

A alienação da sociedade também é apontada no filme. A valorização da beleza e aparência, como se fosse uma forma de “mascarar” a própria sociedade. Atos terroristas, desinformação, seqüestros (chamados de interrogatórios), estratificação social, acusações infundadas, enfim, a sociedade é embasada em aspectos meramente superficiais, as poucas pessoas que se revoltam com o sistema são perseguidas e “interrogadas” (mortas).

Pode-se notar também, com o auto-conformismo do próprio sistema. O sistema burocrático institucionalizado não erra – o erro não é admitido, e quando ocorre, não é encontrado o culpado. O sistema é extremamente departamentalizado onde os mesmos não se comunicam, não interfere no outro, ou seja, não há visão sistêmica.

Alguns componentes do grupo viram similaridades do sistema burocratizado apresentado no filme com a forma de funcionamento da Administração Pública brasileira, levantando a possibilidade do título do filme ter sido inspirado no próprio país. Porém, embora todos concordem com as características similares acredita-se que o título se dá devido ao tema musical “Aquarela do Brasil” e as viagens oníricas do protagonista.
Participantes: Ana Carolina Gomes, Ananda Moretti, André Araujo, Artur Litran, Bruno Costa, Bruno Duarte, Camila Ventura, Caroline Durce, Érika Leite, Henrrique Distretti, Ingrid Cordovil, Juliana Santos, Laiane Borges, Luís Sallenave, Luiz Fernando Alves, Paulo Nascimento, Pedro Carvalho,Rafael Carvalho, Rogério Hamada, Sidney Costa, Tânia Moura.
Autores: Camila Ventura e Érika Leite.

4 comentários:

  1. "as práticas profissionais e a formação do arquivista tendem a ser norteados pela marca da interdisciplinaridade que caracteriza hoje a Arquivologia como campo do conhecimento."
    Jose Maria Jardim

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ouso dizer que, tratando de um "filme conceitual" se assim posso chamar, seria muito superficial ou talvez ingenuidade acreditar que o título do filme teria apenas por base a única música. Por favor não entenda meu comentário como zombaria de sua postagem; loge disso!
    Creio que muitas 'brasilidades' são mostradas, muito além do fundo burocrático:
    1) Estética: está ligada às mulheres do filme (Brasil é o segundo país no mundo no ranking de tratamentos estéticos);
    2) Trilha sonora: leio como forma com que o Brasil é conhecido no exterior - altamente exteriotipado, pré-coneito;
    3) A única mulher que não apela para a estética, não usa cabelos longos nem é dondoca é Terrorista; Logo, quem não é gostosa tá enrolada: ou passa num bom concurso público e trabalha na cirurgia plástica ou tá perdida;
    4) Engenheiro de Refrigeração que vira terrorista: Aqui parece-me ilustrar a informalidade: fazer as coisas na lei, no Brasil, é muito custoso (o custo para abrir empresa no Brasil é o triplo da média dos países do BRIC);
    5) Sonhos do Protagonista: Mostra um Brasil sempre do futuro, que vive no sonho, não põe em prática, enfim, não trabalha para resolver problemas (mas gosta de uma masturbação intelectual, de discurso revoltado, revolucionário mas que no final das contas é tão vazio e egoísta quanto pressão de torcida organizada de futebol.

    Bem, esta é minha interpretação.

    Abraços!

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